sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Humanismo e/ou anti-humanismo - os detractores costumeiros da acção policial

A alergia de vários humanistas a uma coercividade eficaz em defesa de vítimas inocentes torna-se em algo do mais anti-humano que há, pois nada existe mais brutal e injusto que alguém ser vítima mortal ou de violência física e/ou psicológica perpetrada de modo arbitrário e aleatório. Estando à mercê de alguém, um carrasco que só obedece a seus próprios interesses e instintos, que a dita vítima não tem qualquer culpa de existir.
A relativização do papel da vítima é um dos piores sinais do niilismo que conduzirá a uma total perda de valores. Pior ainda e a ele associado será a perda e o esvaziamento do papel da autoridade.
O coro de críticas à acção policial de ontem no assalto à dependência bancária do BES em Lisboa é disso exemplo. A desmistificação da opinião corrente e dominante, ou seja a dita vox populi é algo em que se empenham alguns intelectuais e outros que o pretendem ser. Acaba muitas vezes por ser algo pavloviana, a divergência de pensamento e a busca de razões contrárias, que neste caso mergulham numa ética humanista. Temas como a pena de morte, snipers e abuso de um suposto estado policial vêm à baila. Os argumentos sofisticados tendem a esquecer factos, e o facto principal de ontem à noite foi a morte de um delinquente que durante horas manteve uma vítima, no caso uma funcionária, de pistola ostensivamente pressionada contra a cabeça. Pistola que a qualquer momento poderia desfazer o crânio de uma trabalhadora inocente.
Mas isso pelo visto é algo irrelevante para os "humanistas" do costume. O seu posicionamento de questionar a autoridade, contudo, será atenuado consoante a proximidade de possíveis ameaças que a eles próprios ou seus familiares um dia poderão ocorrer.
Muita graça acho ao facto de muitos deles, tal como eu, serem anti-Rousseaunianos. Desmistificarem vezes sem fim, e bem, a ideia do bom selvagem e da sociedade como desagregadora da bondade natural do indivíduo. Pelo que, se algo há que leva um assaltante não apenas a tentar roubar mas a negociar com a vida alheia e pressionar o cano de uma arma de alto calibre, que será esse algo se não um carácter cuja natureza é perigosa e desviante para quem o rodeia? Sim, temos o princípio da vida como valor absoluto que inclui a desse assaltante. Mas então a da funcionária? Quem mesmo acidentalmente poderia ter saído dentro de um saco de plástico após um dia de intenso trabalho e uma noite de intensas emoções.

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