segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Sobre o municipalismo

Na sequência deste post da Cristina:

1ª Tese

O Município não é uma criação legal. Anterior ao Estado, é preciso defini-lo e tê-lo como organismo natural e histórico.

2ª Tese

A descentralização administrativa não é, por isso, suficiente para resolver o problema municipalista.

3ª Tese

Órgão da vida local, inteiramente extinta, mas que é preciso ressuscitar para que haja vida nacional consistente e intensa, o Município deve ser restaurado nos termos em que vicejaria hoje o velho e tradicional município mediévico, se o seu desenvolvimento não tivesse sido estrangulado por factores de sobejo conhecidos.

4ª Tese

Essa restauração do nosso antigo Município equivale a considerá-lo não como uma simples função administrativa, mas como um centro de vida própria, espécie de unidade orgânica, abrangendo todas as relações e interesses dos seus convizinhos, desde o ponto de vista familiar e económico até ao ponto de vista cultural e espiritual.

5ª Tese

Restaurado em tais condições, o Município, simultaneamente suporte e descongestionador do Estado, contribuirá para atenuar a crise mortal que este atravessa, vítima do centralismo excessivo que o depaupera e abastarda.

4 comentários:

cristina ribeiro disse...

Belo complemento, Pedro; diria mesmo: post feito a quatro mãos ( contando com as esquerdas - as mãos, claro :) )

Pedro disse...

Está nas mãos dos Portugueses, Cristina. É só o "pormenor" de eles acreditarem. Basta "isso". Mas como o Diabo está nos detalhes...

Hernâni Caroço disse...

Ontem morreu o Claude Lévi-Strauss (aos 100 rijos anos) que teria uma boa explicação antropológica.
Diria que o municipalismo foi vitima desse fenómeno tão centrípeto que é o etnocentrismo!

E para isto mto contribuem as televisões.
E mais não digo antes que comece a disparatar mais do que ja disparei.

Pedro disse...

O centralismo do século XX em diante, Hernâni, adquiriu sofisticação e prerrogativas novas, provenientes das tecnologias (das quais eu e quase todos muito gostamos) e da cultura de massas. Esse etnocentrismo de que falas tu e o Lévi-Strauss não é mais que o poder vigente padronizador de comportamentos e de valores (ou falta deles). Se o poder antes era apecível agora ainda mais desejável e mais facilmente controlado e controlador. Mas é uma democracia...