sábado, 20 de setembro de 2008

Rapidinhas de puro veneno ou à laia de resenha da semana

- A propósito da falência da Lehman e da crise do Subprime nos EUA, são engraçados alguns argumentos que inculcam a totalidade da responsabilidade nas agências financeiras privadas. Aventam eles que ninguém obrigou os bancos a emprestar dinheiro a famílias endividadas. Pois com certeza que não!

Para começar os bancos só devem emprestar dinheiro a quem o tem, logo tornam-se desnecessários os empréstimos! Brilhante! Depois para melhor conhecer as capacidades famililares e individuais de saldar dívidas os bancos devem devassar... perdão investigar a fundo a vida privada e hábitos de consumo das ditas famílias. Quantas vezes vão comer fora por semana, onde compram os cortinados e as sanefas, quanto pagam de luz e de água, se até têm jeito para gamar no hipermercado e assim a despesa em mercearia não ser tão grande, etc., etc., etc. Aliás as ditas famílias é que foram obrigadas a ir pedir empréstimo coitadas. Pena os lobos dos bancos não terem dito que não e escapado à tentação de uma taxa de juro para lá de baixíssima que o Fed Reserve criou só para pôr os malandros dos bancos privados à prova. E eles como era de esperar chumbaram no exame. Logo agora há o remédio santo de nacionalizar, nacionalizar! Afinal os do PREC tinham razão, pôxa! Volta camarada Vasco que estás perdoado!

- O debate do divórcio está em pleno na assembleia devido ao veto presidencial do mais que taxado de "conservador" Presidente da República. Que de resto em tanta conspiração foi envolvido durante a corrente semana pelos media nacionais que se pelam por uma conspiraçãozinha que meta padres, Opus Dei, maçonaria e quejandos.

Mais uma vez a oposição da direita partidária brilhou na contestação à lei. Porquê? Pois sua covardia e insuficiência ideológica os impede de contestar a lei pelo princípio que lhe é inerente. E aí teriam feito a diferença em relação à maioria progressista parlamentar. Mas não, a contestação feita por PSD e CDS foi assente em cálculos de mercearia e especulação da eterna vitimização da mulher, em hipóteses retóricas a puxar ao choradinho e à demagogia fácil.

- E não é que o verniz estalou na ala progressista do partido do poder. O tio Alegre, outrora encostadinho ao Bloco e suas causas fracturantes, por fim como seria de esperar num homem que apesar de tudo é decente, encheu-se da canalha oportunista e vazia de mioleira que graça pela jota do seu partido e no de outros. Não tardou para que os meninos mimados do costume tivessem todo o tempo de antena ao dispor e que o tio Alegre com suas afáveis barbas revolucionárias tivesse passado de bestial a besta e o tempo de antena outrora largo e oportuno quando era para malhar no "neoliberalismo" e no "capitalismo selvagem" inerente às supostas reformas do actual governo tenha passado agora para os "revolucionários" meninos e o casamento gay esteja de novo na ordem do dia. Pois todos já tínhamos saudades desse tema que tantas horas de sono e de justa preocupação representa para os portugueses.

E assim vão as glórias desta república democrática à beira-mar plantada...

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