quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Recordar Hermínia

Teria feito no passado dia 23 de Outubro 100 anos. No tempo em que eu resistia ao fado, naquela idade em que poucas nuances são permitidas aos gostos musicais e tudo quanto é do gosto dos avós não presta, o fado desta mulher fazia calar-me as bocas revolucionárias (ou seriam reaccionárias?). Mais do que a Amália e do que outros "indiscutíveis".

5 comentários:

Pequena Papoila disse...

Não seria, talvez, porque a Hermínia saía dos parâmetros das fadistas tradicionais. A Hermínia Silva tinha uma forma de cantar muito peculiar; um jeitinho irreverente e irónico, com um sentido de humor que consubstanciava uma certa crítica social e, lhe assentava na perfeição - era-lhe intrínseco; sendo muito genuína na sua postura enquanto fadista e, mulher, aproximando-a da generalidade das pessoas, conseguindo aglutinar diversos tipos de público. Daí a admiração de muitos, inclusive do Pedro, e já agora, minha também. Esta versão 'HERMÍNIA SILVA - Vamos dar de beber à alegria - 1981' (da Casa da Mariquinhas) é realmente interessante - tendo um toque de sátira muito graciosa. :) Em completo contraste com o fado da AMÁLIA 'Vamos dar de beber à dor' (da Casa da Mariquinhas), cuja voz é completamente diferente, tanto no timbre como na entoação - expressando a tristeza e o fatalismo do "sentir e viver português".

Pedro disse...

Duas grandes fadistas distintas no estilo e na voz. As suas diferenças enriqueceram o fado, mas eu acho a Hermínia mais fadista e a Amália mais cantora. Pode até ser disparate...

Sérgio Aires disse...

A Senhora Dona Amália é a Senhora Dona Amália. "Despois" a Dona Hermínia e o Senhor Alfredo Marceneiro. Terminando em beleza: Tony de Matos. Mais nada. Nadinha.

Pedro disse...

Mmmmm... Lá vêm os conservadores com suas hierarquias...

Sérgio Aires disse...

Sempre é melhor reconhecer as hierarquias (e conservá-las, muito bem conservadinhas) do que pactuar com as hienarquias. Certo?