Teria feito no passado dia 23 de Outubro 100 anos. No tempo em que eu resistia ao fado, naquela idade em que poucas nuances são permitidas aos gostos musicais e tudo quanto é do gosto dos avós não presta, o fado desta mulher fazia calar-me as bocas revolucionárias (ou seriam reaccionárias?). Mais do que a Amália e do que outros "indiscutíveis".
Não seria, talvez, porque a Hermínia saía dos parâmetros das fadistas tradicionais. A Hermínia Silva tinha uma forma de cantar muito peculiar; um jeitinho irreverente e irónico, com um sentido de humor que consubstanciava uma certa crítica social e, lhe assentava na perfeição - era-lhe intrínseco; sendo muito genuína na sua postura enquanto fadista e, mulher, aproximando-a da generalidade das pessoas, conseguindo aglutinar diversos tipos de público. Daí a admiração de muitos, inclusive do Pedro, e já agora, minha também. Esta versão 'HERMÍNIA SILVA - Vamos dar de beber à alegria - 1981' (da Casa da Mariquinhas) é realmente interessante - tendo um toque de sátira muito graciosa. :) Em completo contraste com o fado da AMÁLIA 'Vamos dar de beber à dor' (da Casa da Mariquinhas), cuja voz é completamente diferente, tanto no timbre como na entoação - expressando a tristeza e o fatalismo do "sentir e viver português".
Duas grandes fadistas distintas no estilo e na voz. As suas diferenças enriqueceram o fado, mas eu acho a Hermínia mais fadista e a Amália mais cantora. Pode até ser disparate...
A Senhora Dona Amália é a Senhora Dona Amália. "Despois" a Dona Hermínia e o Senhor Alfredo Marceneiro. Terminando em beleza: Tony de Matos. Mais nada. Nadinha.
5 comentários:
Não seria, talvez, porque a Hermínia saía dos parâmetros das fadistas tradicionais. A Hermínia Silva tinha uma forma de cantar muito peculiar; um jeitinho irreverente e irónico, com um sentido de humor que consubstanciava uma certa crítica social e, lhe assentava na perfeição - era-lhe intrínseco; sendo muito genuína na sua postura enquanto fadista e, mulher, aproximando-a da generalidade das pessoas, conseguindo aglutinar diversos tipos de público. Daí a admiração de muitos, inclusive do Pedro, e já agora, minha também. Esta versão 'HERMÍNIA SILVA - Vamos dar de beber à alegria - 1981' (da Casa da Mariquinhas) é realmente interessante - tendo um toque de sátira muito graciosa. :) Em completo contraste com o fado da AMÁLIA 'Vamos dar de beber à dor' (da Casa da Mariquinhas), cuja voz é completamente diferente, tanto no timbre como na entoação - expressando a tristeza e o fatalismo do "sentir e viver português".
Duas grandes fadistas distintas no estilo e na voz. As suas diferenças enriqueceram o fado, mas eu acho a Hermínia mais fadista e a Amália mais cantora. Pode até ser disparate...
A Senhora Dona Amália é a Senhora Dona Amália. "Despois" a Dona Hermínia e o Senhor Alfredo Marceneiro. Terminando em beleza: Tony de Matos. Mais nada. Nadinha.
Mmmmm... Lá vêm os conservadores com suas hierarquias...
Sempre é melhor reconhecer as hierarquias (e conservá-las, muito bem conservadinhas) do que pactuar com as hienarquias. Certo?
Enviar um comentário