sábado, 3 de novembro de 2007

Frades, barões e bipolarizações atávicas II

Por sua vez, o Catolicismo, como força mais significativa que é dentro do Cristianismo, desde cedo se hierarquizou e deste modo caiu nas malhas do secularismo. A sua espiritualidade ia sendo delegada em grupos muito específicos, as ordens monásticas, que gradualmente se hierarquizavam e subsequentemente se secularizavam num mimetismo inevitável em relação às hierarquias superiores e a toda a sociedade na qual estavam inseridos. É inegável que desde cedo a Igreja se politizou e se deixou muitas vezes "prostituir" face ao nepotismo dos príncipes e poderosos. Por este motivo, é erróneo falar em guerras religiosas pois elas na verdade não passavam de guerras políticas.
Contudo, a grandeza de uma instituição como esta dá lugar invitavelmente a uma maior heterogeneidade do que em instituições circunscritas a minorias, a ideologias estreitas e a grupos fechados. É essa heterogeneidade que abre brechas, no meio da corrupção e da ambição prosaica, à existência de exemplos notáveis, na quantidade e qualidade, que ainda hoje são referências intelectuais e guias espirituais para homens e mulheresde todos os níveis culturais e sociais, raças, cores e nacionalidades.
Por estes motivos, eu estou convicto de que a Igreja Católica é a única instituição e força religiosa à qual vale a pena aderir, apesar de todos os seus defeitos e crimes históricos.
Quanto mais não seja pela sua amplitude em todos os quadrantes, em especial o da antiguidade e consequente referencial de boas e más experiências, ela é a que entende melhor a necessidade de o Homem ser livre e íntegro. Por isso, se no futuro assistirmos nós ou os vindouros a um renascimento espiritual, como creio que vamos assistir, será o Catolicismo e sua mundividência ecuménica que irá ter o papel essencial, mesmo absorvendo e sendo absorvida em outras referências culturais e espirituais, como sempre o sincretismo religioso de alguns locais o exemplificou. Porque o homem é eminentemente um ser espiritual, para lá de todas as "desilusões de Deus" e de biólogos com problemas existenciais que em vão tentam provar o contrário.
Por tudo isto, creio também que não é difícil concluir que que todo o fenómeno religioso, que é dizer a Igreja, deve ter uma existência independente dos poderes seculares, pois de contrário é ela que fica a perder - por um lado corrompida pelo poder vigente, por outro tida como bode expiatório de todos os males.

2 comentários:

Sérgio Aires disse...

Eu ainda continuo a gostar daquela coisa do "ópio do povo"...

Pedro disse...

E és egoísta porque guardas para ti e ainda não partilhaste a tua "tripe" aqui com os amigos!! Diz lá o que é! Vem do Afeganistão? É do povo o ópio, mas tem calidad?