Não basta se diga ao homem que lhe corre o dever de trabalhar. É preciso que aquele que tem de prover à sua existência por meio do trabalho encontre em que se ocupar, o que nem sempre acontece. Quando se generaliza, a suspensão do trabalho assume as proporções de um flagelo, qual a miséria. A ciência económica procura remédio para isso no equilíbrio entre a produção e o consumo. Mas, esse equilíbrio, dado seja possível estabelecer-se,sofrerá sempre intermitências, durante as quais não deixa o trabalhador de ter que viver. Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência económica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias
são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos.
De vez em quando gosto de adivinhas e de pregar umas partidas. Dão-se alvíssaras a quem me souber dizer o autor deste texto e/ou o livro no qual vem inserido. Aviso desde já que a resposta é de todo em todo surpreendente...
6 comentários:
"As partidas de moi même..."
Com que então o menino Pedro gosta de pregar partidas... Se calhar vou ficar mal vista... Paciência.
Hum... Eu diria que é de Agostinho da Silva... Não que eu conheça o texto, porém quanto à forma e, até ao conteúdo, fazem-me lembrar o Professor e grande Filósofo Agostinho da Silva, sendo o estilo - quanto a mim - muito próximo dessa grande e incontornável figura da cultura portuguesa.
Não acertou, mas não é por isso que faz má figura.
Tanto que o espírito de A.Silva é ém vários pontos análogo ao do texto, porém eu penso que ele punha a ênfase mais na instrução e no conhecimento do que este texto pretende fazer.
A seu tempo identificarei a fonte.
Trata-se de uma passagem de "O livro dos espíritos". Eu prefiro a "Filosofia de Alcova" mas cada um é como é. :-)
Para quem prefere a "Filosofia de ALcova" anda com leituras muito esquisitas...
É a chamada filosofia de ALLcova.
Seja como for, não consigo deixar de pensar que o espírito do texto é salazarento. Digamos que Salazar comungava de todos estes princípios, pelo que lhe serviria como uma luva! Senão vejamos as ideias-chave: glorificação do trabalho; equilíbrio entre a poupança e o consumo; a educação, não por valores intelectuais, mas sim morais; etc.
Tudo se ajusta...
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