- Portas candidatou-se à liderança do partido dele numa fase na qual ainda poderá vir a ser útil em alguma coisa. Se o vai ser ou não, isso só o futuro dirá. O que é certo é que não seria após uma pesada derrota eleitoral, quiçá demolidora, em 2009 que Portas poderia ser de alguma valia para o CDS.
- Aí sim, a crítica com razão poderia acusar o seu absentismo na fase em que ele, Portas, teria sido necessário, e surgir como uma espécie de salvador numa situação talvez quase irremediável.
- Ribeiro e Castro, assim como a restante direcção, não merece ser atacado, pois certamente tem feito o melhor que pode. Se ganhar a batalha com Portas, sai limpo e em glória da sua primeira batalha política. Se perder sai limpo na mesma pois não comprometeu o partido em nenhum pleito político nem eleitoral. Por isso não está a ser confrontado com nenhuma injustiça nem com nada que não se possa esperar de um partido político em democracia.
- Não será numa conferência de imprensa em que anuncia a candidatura à liderança de um partido, que um candidato obrigatoriamente terá de fazer actos de contrição, introspecção ideológica ou mesmo "mea culpa" por actos e afirmações do passado. As palavras são sempre duvidosas, logo o melhor, quando se trata de necessidade reformista, será demonstrar essa vontade política em actos e tomadas de posição e não apenas em palavras. Não sei que bases têm aqueles que dizem que Paulo Portas em nada mudou, continua arreigado a velhas posições, etc.
- Qualquer partido político – seja ele da esquerda, centro ou direita – tem consciência, ou deverá tê-la, que o seu objectivo principal não é a pureza ideológica nem a coerência cristalina dos seus líderes, tanto que estas são quiméricas. A principal preocupação de um partido sem responsabilidades no governo são, como não podia deixar de ser em democracia, os resultados eleitorais. Sem eles os financiamentos decrescem, a credibilidade diminui, a recuperação torna-se irreversivelmente mais difícil. Que adianta ter um CDS a repetir aquilo que muitos dos bons blogues da nossa praça escrevem e dirigentes a actuar conforme os preceitos estipulados pelas melhores escolas político-económicas do mundo (austríacas, de Chicago, etc.) se este voltar a ser o "partido do táxi" ou pior, talvez o "partido da vespa" ou "da trotinete".
- Qualquer partido, repito, deve estar preparado para sofrer alterações na sua liderança e quanto maior for a cultura democrática dos media e da sociedade maior a naturalidade com que essas alterações são vistas. Não é preciso haver desastre eleitoral, morte (salvo seja) de actual líder, ou outra hecatombe do género para haver legítimos candidatos que no seu direito entendem conseguir fazer melhor para alcançar o objectivo principal: um bom resultado eleitoral.
- Neste sentido, muito do que tenho lido em muitos espaços de qualidade por esses blogues fora acho que denota: niilismo destrutivo (como friso em post abaixo), falta de cultura democrática, conservadorismo atávico da esquerda portuguesa ou o corporativismo antigo da direita de antanho.
sexta-feira, 2 de março de 2007
Breves notas sobre o anúncio de Portas e do que dele se diz
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4 comentários:
Parece-me que estamos numa fase de "travessia do deserto" para todos os partidos, com excepção do PS que, por mais medidas impopulares que o Governo tome, continua a subir nas sondagens...
Paulo Portas, como outros políticos que ocuparam cargos, em governos anteriores, ficou com a imagem um tanto desgastada.
Não sei se já terá passado o tempo suficiente para que regresse "em beleza".
Isto do "baralha e torna a dar", está a tornar-se um tanto fatigante.
Bom, realmente a imagem dele saiu desgastada do governo anterior, muito pela forma como este acabou (melhor dizendo, como acabaram com ele...).
Penso, contudo, que não deixa de ter o direito de lutar pela liderança do aprtido dele, tanto que esta não me parece que confira grandes vantagens...
Ora nem mais Sininho, é isso mesmo, porém como Paulo Portas se apresenta com um discurso diferente, - penso que não seja demagógico - e por isso será uma promessa esperançosa, uma luz ao fundo do túnel... talvez... quem sabe!
Sendo que o CDS, assim como o PSD, estarem mesmo a precisar de renovação, tanto nos conteúdos políticos, como nas lideranças, por não conseguirem fazer uma oposição eficaz ao PS! Agora, se Portas é o mais indicado, o futuro o dirá... até porque o panorama político anda muito prosaico e embaciado, sem grandes perspectivas de um futuro vitorioso, tanto em termos legislativos como autárquicos... não sei... parece-me que faltam pessoas capazes e com carisma, que dêem credibilidade política, e arrebatam o eleitorado com uma visão inovadora e uma oratória eloquente e cativante, mas com conteúdo, - e sem "telhados de vidro", - dentro dos aparelhos partidários.
Áurea
Eu não discuto a pessoa em questão. Nem se ela é a melhor opção para o CDS. Apenas critico os que põem em causa o direito, a legitimidade e o timming com que ele se propõe a liderar.
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