quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

O equívoco libertário e o diletantismo académico

Muitas vezes os maiores adversários da causa liberal (nada de confusões com blog do mesmo nome...) são os partidários do libertarianismo, fenómeno tipicamente americano. Eivado de facilitismo e egocentrismo académico típico deste tipo de difusores, o texto que se segue, apesar da sua tipologia inserida no estilo de testamento político ou biografia, serve bem de exemplo e é de um académico de renome, Stephan Kinsella, intitulado de How I became a Libertarian.
Stephan Kinsella é bem parvo. Primeiro porque nunca provou do sabor agri-doce do socialismo juvenil, que pode atingir foros de nectar divinal... Pois é uma escola que dá boas bases e que tem uma propensão profiláctica: o facto de constituir a vacina mais eficaz contra a maleita em si, ou seja o socialismo. Diz esta luminária: Unlike many libertarians who dally with socialism before seeing the light, I have never been attracted to leftism. Indeed, although I of course welcome former pinkos to our ranks, I’m always a bit suspicious of anyone who could ever be swayed by that bunk. Parece a típica luta tribal na qual quando se aceita membros da outra tribo receia-se conspiração de espionagem, ou ataque de saudosismo ao recém-chegado. Mal ele sabe que para um socialista autêntico se divorciar da trupe e se juntar aos "gajos", que são os do outro lado, seria preciso estar em risco mais que a própria mãe...
Em dissertação bibliográfica em regressão a tenra infância Kinsella faz-nos revelações: após a bibliotecária lá do colégio católico de New Orleans ter aconselhado ao menino Ayn Rand, este absorve os romances e respectiva moral. Problema é que o maldito Estado lá está e entra em colisão com o verdadeiro cerne na ideologia à qual Kinsella quer chegar, que é o anarcocapitalismo, vejamos o brilhante volte-face:
And yet in my reading I kept coming across libertarians, whose views seemed virtually identical to Rand’s "capitalist" politics. Finally, out of exasperation at trying to reconcile Rand’s denunciation of libertarians with their seemingly similar views, I read Rothbard’s For A New Liberty, and then several other works, such as Nozick, the Tannehills, David Friedman, etc. Before long I realized Rand’s minarchism was flawed. Individual rights entail anarcho-capitalism; a state, even a minarchist one, necessarily violates the individual rights that Rand so passionately championed. Rand made a lot of sense on a lot of issues, but her arguments in favor of government were strained.
Depois de ver a luz e muito vaguear por banalidades pessoais apenas com interesse para ele próprio, Kinsella remata assim o seu texto: I am now not only an anarcho-libertarian, but a Misesian-Austrian. I have gained an increasingly deeper respect for Lew Rockwell and the singular achievement that is the Mises Institute. It has become my intellectual home. Profundo... Provavelmente Kinsella tem muito mais para nos ensinar, mas se calhar para cativar mais adeptos para a causa libertária terá de se esforçar um pokito mais e sair um pouco da sua esfera umbilical.
O problema maior disto é o equívoco que afecta o modo como são vistos muitos liberais moderados, logo afectando a verdadeira causa liberal, volto a frisar não a do blogue...

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