A comemoração do Primeiro de Maio, Dia do Trabalhador, embora legal desde 1974 após a Revolução dos Cravos, continua condicionada e agrilhoada àqueles que fazem dos "direitos do trabalhador" uma profissão. A limitação das comemorações, das reivindicações e de qualquer discussão laboral às áreas reservadas de CGTP e UGT tem impedido o aprofundamento e análise dos problemas relacionados com o Trabalho e o seu alargamento aos trabalhadores que não têm o PRIVILÉGIO de pertencer a um sindicato com poder de paralisação.
O Trabalho era por si só um valor moral no anterior regime e assim deveria continuar. Tornou-se uma coutada de uns tantos sindicatos que aproveitaram o poder de paralisação como trunfo reivindicatório e destituíram de valor e ignoraram outras profissões que sustentam tantas famílias no nosso país, como por exemplo as actividades ligadas ao comércio, aos pequenos empresários, aos trabalhadores da indústria hoteleira e turismo, ao trabalho criativo e intelectual e por aí adiante.
O Dia do Trabalhador pouco diz a estes sectores mencionados, pois na maioria dos casos nesse próprio dia eles têm de estar a trabalhar para providenciar o próprio sustento. E muito menos podem recorrer – nem tampouco equacionar – a esse tal de "direito à greve". Seja em época de crise, ou de semicrise ou de pseudocrise.
Enquanto os Portugueses não se unirem em novas plataformas de luta, seja esta política, associativa, profissional, ou outra, e não puserem em causa a actual ditadura sindical, formatada num bolchevismo apreendido à pressão, o Dia do Trabalhador continuará a pertencer aos privilegiados de Abril. São sempre os mesmos e o ruído que fazem pretende abafar e atirar areia para os olhos de quem nada beneficia com suas insensatas reivindicações. O mundo mudou, eles próprios acabaram por mudar o mundo, no entanto o "Trabalhador" continua a ser a caricatura que se pretende heroicizar em ilustrações provenientes de almanaques e compêndios soviéticos dos anos 20. Assim, na hora de os governos deste "cantão" entrarem em contacto com os supostos "parceiros sociais", são eles a ter papel activo que anula as restantes vozes, que se calaram há décadas ou nunca sequer tiveram oportunidade de falar. Será culpa deles? Não, mais uma vez a culpa é nossa.
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