sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Para que casa iremos levar nossos reis?

Já tive aqui oportunidade de assumir que a monarquia é a forma de governo que defendo para Portugal. Esta posição não se prende com razões históricas, mas sim éticas e filosóficas. No meu entender, a Nação é uma entidade suficientemente importante para o respectivo soberano não ter de se submeter a processos eleitoralistas e eleiçoeiros, com a carga partidária e demagógica que daqui advém. Por outro lado, esse soberano deve ser elemento unificador, agregador e nele se devem rever os Portugueses em geral e nele devem ter confiança máxima enquanto elemento de última instância em situação de desespero de causa - tal não acontece, como sabemos e constatamos, com um presidente oriundo da classe político-partidária. Para além de o soberano dever ser alguém que teve desde idade pramatura educação para a missão que o espera.

Por estes motivos, passe a vulgaridade dos mesmos, sou convictamente monárquico. Infelizmente deparo-me com argumentos de qualidade duvidosa por parte de muitos monárquicos contra certas fases da história da nossa república. Por outro lado, estou muito longe de entender a monarquia como a salvação nacional. Como a via segundo a qual os problemas nacionais estariam resolvidos e receita de moralização da pátria através da qual das questões mais prosaicas às mais complexas teriam sua resolução imediata ou a prazo.

Infelizmente o nosso País conheceu períodos de decadência, de alguns dos quais há um fio condutor para muitos problemas da actualidade, em pleno período monárquico. Assim como viveu períodos de regeneração e de moralização já no tempo da "odiada" república. Como tal, não é a forma de governo que por si só traz resolução a qualquer tipo de problemas que seja. Pior ainda, a tentativa de resolução dos mesmos através dessa alteração apenas resultaria em decepção tal que a defesa da Monarquia poderia ficar indelevelmente comprometida.

Por estes motivos, as prioridades neste momento passam por reformas políticas, sociais, mentais e subsequentemente económicas, administrativas e legais, sem as quais se tornam anacrónico e prematuro colocar a questão da alteração da forma de governo. Isto não implica claro está que não se deva fazer a apologia da monarquia e não se discuta o tema quando tal é oportuno e apropriado. Todavia, levemos os reis para uma casa digna e arrumada.

Texto publicado no Estado Sentido

2 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Pedro, muitas das coisas que se dizem sobre a república, são apenas uma forma de táctica na luta com os adversários. E olha que não lhes estamos a pagar da mesma moeda. podia ser bem pior. Aliás, eles só nos respeitam se não nos encolhermos.

Pedro disse...

Nuno


Todo o respeito do mundo pela táctica na luta pela nossa causa. Apenas quis referir que nem tudo na monarquia foi bom nem tudo na república foi mau com o fim de demonstrar a ideia, que para mim é muito importante, de que a Monarquia não é nem deve ser considerada um via de salvação nacional. Ela é a forma de governo mais perfeita mas não uma cura ou purga para os males que afectam Portugal e o mundo.