Na semana passada, mais precisamente no dia 2 do mês em curso, o Partido da Liberdade (PL) conseguiu a tarefa hercúlea de reunir as 7500 assinaturas exigidas pelo Tribunal Constitucional. A líder Susana Barbosa fala no preenchimento de um espaço no espectro político nacional, caracterizado por uma "nova direita". Um novo espaço à direita, no meu entender, faz bastante sentido tendo em conta o panorama decepcionante de populismo e de social-desorientação a que está entregue a direita nacional, a juntar à crise de protagonistas e a querelas estúpidas e pessoais.
Daí que o surgimento de um partido naturalmente pode fazer despertar sentimentos de esperança. Contudo, nestes casos a ponderação impõe-se e na leitura que faço do blog da autoria de Susana Barbosa, há sinais positivos e outros nem por isso. Como um dentre os positivos, logo para começar, destaco a assunção sem complexos de uma matriz política de Direita e de um nacionalismo moderado, num país em que durante tanto tempo ambas as definições eram e ainda são tabu. Mas, de novo mesmo, é a ideia da descentralização do Estado, por meio do municipalismo - modelo este meu preferido e até agora sem correspondência em nenhum programa partidário; e noutro sector está em destaque a renovação e dignificação das Forças Armadas e a defesa do regresso ao serviço militar obrigatório e universal, aspecto este que não sendo nada popular nem consensual mostra que o PL tem ideias bem assentes sem preocupações eleiçoeiras. No resto, a defesa da instituição família, o alívio da carga fiscal e o incentivo à iniciativa privada, não são novidade em termos de ideias programáticas, mas é sempre agradável constarem de um programa novo quanto mais não seja para constituírem a esperança de finalmente alguém ter a coragem de os pôr em prática.
Como menos positivo - que será dizer aquilo que menos vem ao encontro de minhas ideias e daquilo que eu acho que não cria nada de novo - encontro quer no programa quer nos textos de Susana Barbosa a já propalada rejeição da Globalização "económica, financeira e cultural por atentória da identidade e da independência das nações". Aqui o PL chove no molhado quanto à direita nacionalista já existente a qual vai malogradamente ao encontro da esquerda mais à esquerda da área do Bloco e do PCP, embora com uma linguagem ligeiramente diferente. Ou seja, tal anuncia um populismo que já conhecemos da defesa do proteccionismo e do mercantilismo socialista e a consequente política subsidiária quanto a uma economia dependente do Estado. E isto é do que o País no momento presente menos precisa.
Numa altura em que a direita precisaria de uma força dinamizadora e mesmo refundadora, não me parece ver no horizonte notícias novas, mas sabe-se lá...
2 comentários:
Até ao lavar dos cestos é vindima, Pedro...
Cristina
Cada vez estou mais céptico quanto à qualidade do vinho... Só vejo é bagulho de vinho velho.
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