quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Abissus abissum

Já não é nada de novo dizer que a banalização do casamento e o constante desprezo e prejuízo da família levará ao abismo do individualismo levado ao extremo e a perda de valores relacionados com a solidariedade social não estatizada.
O que se omite, devido à pieguice aparente da ideia, é que o casamento tem sido o acto mais determinante no que diz respeito à interiorização do facto de não estarmos isolados, de haver com quem partilhar responsabilidades, decisões e proventos e quase absolutamente tudo o que nos diga respeito. O acto oficial, seja ele civil ou religioso, apenas relembra e lavra com seu ofício cerimonial a responsabilidade de uma decisão relacional. A qual pela sua importância e relevância para a vida de dois seres foge ao âmbito de qualquer acordo ou contrato vulgares do direito civil ou administrativo. Para além disso, quando os antigos diziam que a família era o início de tudo eles referiam sobretudo o facto de esse compromisso relacional ser o ponto de partida de um cosmos social. Cosmos esse baseado em compromissos, princípios e simbioses diversas.
Daí que a sua relativização, perpetrada por exemplo com a oficialização estatista de estilos de vida alternativos, ou pior com a sua dissolução unilateral, irá fazer a sociedade caminhar para um abismo niilista sem retorno. Pelo simples facto, de ao indivíduo ter sido oferecido o seu isolamento institucionalizado sob a forma de liberdade.

2 comentários:

Ana disse...

Este post eu assino por baixo.

Abraço

Pedro disse...

Obrigado pelo comentário, Ana. Abraço e bom fim-de-semana.