domingo, 20 de janeiro de 2008

O Estado da saúde e as ilusões desfeitas

Petição para entregar no Parlamento
Bloco de Esquerda inicia recolha de assinaturas em defesa do Serviço Nacional de Saúde

O Bloco de Esquerda (BE) quer recolher 100 mil assinaturas para uma petição a entregar no Parlamento em defesa do Serviço Nacional de Saúde e inicia hoje à tarde, no Hospital Amadora-Sintra, a primeira acção pública neste sentido.

A petição pode ser também assinada na Internet e deverá ser entregue na Assembleia da República em Fevereiro ou Março, disse hoje à agência Lusa fonte do BE
.


O sentido de oportunidade do BE com esta petição claramente vem demonstrar que a única oposição oganizada que há ao governo é a oposição à esquerda feita por eles que sabem como ninguém criar impacto na Comunicação Social.

Em relação ao tema em si, repito aquilo que já postei no Arrochadas:

É revoltante para todos os portugueses constatar todos os dias, por entre o bulício e espalhafato das TVs, a existência de compatriotas que perderam o acesso a serviços de saúde, quer através do encerramento de unidades de assistência médica quer através da consequente impossibilidade financeira.

Onde antes a comunidade providenciava auxílio aos seus elementos, fosse o médico de aldeia que tantas e tantas vezes não apenas prestava serviço gratuito como também fornecia os fármacos necessários, fosse a carrinha ou o carro dos bombeiros da zona que levase ao hospital mais próximo, fosse a própria morte onde tudo começa e acaba, hoje em dia há a desolação quer do desmoronar da comunidade e do seu espírito quer da dissipação da ilusão da existência de um Estado que suporte unidades de assistência médica, completamente inviáveis no aspecto financeiro.

Desde o Estado Novo e as suas ilusões de providência quase divina fruto da mentalidade estatista do corporativismo salazarista até ao estatismo socialista que se criou um monstro difícil e quase impossível de derrotar: a tutela do Estado sobre a saúde e o ensino.
Monstro esse que agora é responsável por as pessoas que vivem afastadas das áreas metropolitanas das grandes cidades não terem as alternativas que deveriam ter quando o Estado, outrora papá omnipotente e omnipresente, agora se vê obrigado a “fechar a torneira” porque é tempo de “apertar o cinto”.

Continuamos a ser o país com os seguros de saúde mais caros de toda a Europa e com os serviços de saúde privados a praticar as maiores exorbitâncias de acordo com o poder aquisitivo das populações. Estas são as menos culpadas, pois não foram elas que criaram o corporativismo ignóbil da Ordem dos Médicos; não foram elas que criaram a ilusão de um Estado sempre presente; não são elas que nomeiam administradores e gestores da cor política em vigência no poder para os hospitais e institutos públicos de saúde; não são elas que mantêm o cerco apertado às vagas para as faculdades de Medicina para depois se chamarem médicos espanhóis; não são elas que por meio de tutelas e interesses espúrios coarctam a livre concorrência entre companhias de seguros e estabelecimentos de saúde privados. Por fim, também não são elas que tornaram o tema cheque-ensino e cheque saúde um assunto quase maldito e por isso impossível de ser debatido.

Por isso, penso que todas essas populações e mesmo todo o povo português sofre com o actual estado de coisas. Contudo apelar para voltar ao passado é voltar às causas pelas quais o actual estado de coisas se verifica. Que é o que pretende a esquerda com esta petição. A esquerda nunca entenderá que o remédio que pretende curar os males da actualidade é precisamente a causa desses males.

2 comentários:

Carlos Paulino disse...

É realmente um extremismo máximo e uma falta de tolerância que está a acontecer neste país. Querem mandar em tudo e deitar tudo a baixo, á custa de quem paga impostos e vota!

Pedro disse...

Pois é, Carlos, falta de tolerância e impostos são coisas que andam sempre de mãos dadas.