In Público
(artigo de Glória Rebelo, intitulado 2007 é mais uma oportunidade para mudar)
Por vezes, para que haja igualdade é necessário um "tratamento desigual" que garanta a certos grupos de pessoas oportunidades de mérito equivalente
Qual mérito, ó santa, se as senhoras serão colocadas por decreto lei e não por mérito, ou melhor: por "tratamento desigual"?
A lei da paridade [quem a pariu, santo Deus!], que estabelece uma representação mínima nas listas para a Assembleia da República, para o Parlamento Europeu e para as autarquias locais, poderá ser um importante instrumento para a indispensável mudança de mentalidades no que respeita ao acesso das mulheres a cargos públicos e políticos. De acordo com este diploma, decorridos cinco anos sobre a entrada em vigor da lei, a assembleia avaliará o seu impacto na promoção da paridade, procedendo à sua revisão com base nessa avaliação - ou seja, ao convidar os partidos a colocarem mais mulheres nas suas listas, esta lei apela à implementação concreta da igualdade e cria uma oportunidade para que mais mulheres comprovem as suas competências na esfera política.
Como avaliar se a dita paridade funcionou ou não? Não me parece que se vá avaliar as senhoras beneficiárias da paridade, que entretanto já embolsaram boas regalias resultantes do cargo ocupado, e determinar se elas se "portaram bem" ou não. Ninguém avaliará, decerto, é os casos de deputadas, que em outras circunstâncias seriam poupadas a uma prova que apenas aceitariam no timing certo e não por pressão da lei, e cujo desempenho ficará aquém do previsto, se calhar perdendo uma oportunidade irreversivelmente. Para não falar dos deputados, claro está...
Para além do mais, o número de deputadas obedece, logicamente, à proporção do número de militantes. É sabido que a militância política em Portugal e noutros países é maioritariamente masculina. Que vamos fazer? Criar uma quota para militantes? Terão os partidos de andar a angariar militantes mulheres nas ruas?
4 comentários:
Eu penso, é que hoje em dia, as mulheres (homens também) estão tão embrenhadas na sua formação académica, e posteriormente na consolidação e sucesso das suas carreiras profissionais, que os tempos livres serão para dedicar ao que mais gostam de fazer, ou seja, viajar, praticar actividades lúdicas, culturais e desportivas, e quando chegam a uma determinada idade constituir família - política, só para os políticos que se dedicam a tal tarefa a tempo inteiro. Cada vez vejo menos mulheres interessadas na política, salvo raras excepções, tirando alguns blogues em que elas se manifestam e se interessam por essa questão... ficando só por isso mesmo, porque militarem em partidos, não me parece!
Até penso, ;) que um dia destes, irei ver mesmo... os partidos, angariando militantes femininas para as suas fileiras, através de grandes slogans publicitários "Mulheres com capacidades intelectuais, dotes políticos e grande eloquência, (que as há muitas... felizmente!) e... já agora de boa aparência também, né - precisam-se urgentemente, pois nós (partidos) oferecemos prestígio e liderança de topo! :)))
Áurea
Mas fazem falta, Áurea. É uma pena, aderirem pouco, bem menos que os homens, à militância política. Porque o problema começa aí. E não é com quotas que irão resolvê-lo.
Nem sabes há quantos anos eu não ouvia (no caso - não lia...) a expressão "ó santa"!
Fiquei logo com saudades do "meu" Porto...
Qualquer dia vai ter de haver um sistema qualquer para atraír, TAMBÉM os homens para a política.
Tal como isto está, só mesmo os vendidos se interessam.
Há quanto tempo não entra sangue novo nos partidos, com excepção dos jotinhas?
A sério, Sininho? Eu pensei que fosse expressão nacional, tanto que há aquela célebre frase de um anúncio gravado numa casa de fados, cuja cantora estava meia rouca e um da plateia pergunta: "Ó santa, isso não será garganta?"
Quanto à política, se calhar há mais sangue novo a entrar do que pensas, Sininho. São informações que o meu dedo mindinho me dá:))
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