sábado, 24 de março de 2007

Norte e Sul... europeus

Porque será que apenas no Norte da Europa há partidos cuja denominação e/ou ideário podem seguramente e sem reticências ser classificados como liberais e com eleitorado suficiente para terem assento parlamentar e mesmo, em coligação, participarem na governação dos respectivos países?

Refiro-me por exemplo ao Venstre da Dinamarca, o qual governa em coligação com os conservadores; ao VVD na Holanda, ao da Suécia, o Folkpartiet Liberalerna, e excluindo desde já os liberais sociais ou radicais, cujo ideário em muitos casos está mais próximo da social-democracia do que da tradição liberal e das novas correntes libertárias. É o caso dos Liberal-Democrats da Inglaterra, do D66 da Holanda e de outros que muitas vezes adoptam a denominação de radicais ou liberais sociais.

Neste sentido podemos constatar que no Sul católico da Europa as correntes liberais (desagrada-me falar em liberalismo...) por pouco mais que fogachos têm tido sua representação, a não ser de modo temporário e pontual em algumas facções dos partidos conservadores ou à direita ou ao centro-direita do espectro político, como se de um aluguer ou empréstimo se tratasse.

Por conseguinte, concluo que as correntes liberais que se assumam de modo mais ortodoxo, ou se preferirmos com mais homegeneidade ideológica, têm mais implantação e aceitação regular de uma parte significativa q.b. do eleitorado em países cuja tradição democrática e estabilidade económica têm uma maturidade superior além de, na maioria dos casos, serem monarquias, com um sistema representativo e uma burguesia empreendedora que remontam à época moderna (pós-medieval).

Este conjunto de factos leva-me a deduzir que as correntes liberais em Portugal e, mesmo, na Espanha dificilmente irão impor-se a curto médio prazo em projectos políticos homogéneos, ou seja, nos quais a sua maioria dos membros seja constituída por liberais. A inexistência de um potencial eleitorado, como tem sido aventado em alguns espaços, bem como uma mentalidade e estrutura económico-social arreigada ao socialismo, a modelos ultrapaternalistas do estado-providência e a estruturas sindicais muito agressivas são apenas mais um reflexo do contexto do Sul da Europa. Se as causas são análogas aos restantes países deste espaço geográfico, isso ficará para futuras discussões. Se bem que uma coisa é certa: o Sul da Europa não tem nem de longe nem de perto a maturidade democrática nem a tradição mercantil do Norte, e já nem falo em questões de liberdades individuais.

4 comentários:

Áurea disse...

Claro que os países do Sul da Europa, apesar de aderirem à Democracia - seja Social-democracia ou de teor Liberal conservador e neoliberal - vão colocando esta em causa, certamente pela sua forma de ser e de sentir, mas também muito, pela propensão para a corrupção de muitos dos seus políticos, e não só, como dirigentes desportivos, entre outros.
Daí os países do Norte da Europa terem um Liberalismo muito mais consistente, não só pela maturidade democrática e evolução económica, mas também por uma questão de educação e formação, consubstanciando uma forma diferente e mais correcta de estar na vida, mesmo com monarquias meramente representativas, e embora não sejam católicos, são cristãos, defendendo o empreendedorismo, as boas práticas e regras e o amor ao trabalho, assim como, a plena cidadania com os seus direitos e deveres; dedicando-se à ideologia partidária, como uma causa, para servir o seu País e todos os seus cidadãos.

Áurea

Pedro disse...

E já viu a vitória de Salazar que tanto tem indignado aí muito boa gente? Será que ele ganhou por ter sido muito bom ou por os actuais (refiro-me a vários governos e partidos) serem maus como a peste?

Áurea disse...

A vitória de Salazar, foi atribuída por uma maioria significativa, e como democratas que somos, devemos respeitar e até repensar na democracia que temos!
Tem que se começar a olhar Salazar num contexto histórico diferente do actual, e de forma isenta. Ele teve os seus méritos e deméritos, porém a questão que se coloca e que não se lhe pode negar, é que nunca foi corrupto; de origens humildes, nunca enriqueceu no exercício do Poder, foi uma pessoa carismática honesta e de grande probidade e o seu regime embora apelidado de fascista, era sim, autoritário e corporativista, e que no seu tempo, até a um dado momento, governou como teria de governar para levantar este País que vinha do caos e anarquia dos vários governos da primeira república.
Grandes ditadores foram os dos regimes comunistas e fascistas da altura, e de muito má memória, como Estaline, Mao, Hitler, Mussolini e Franco, entre outros.
Os democratas de pacotilha, é que ficaram verdes de raiva com a dita vitória, porque de certo modo, veio por em causa a competência e honestidade de muita gente que se diz democrata. Pois o 25 de Abril trouxe-lhes grandes valias, sem terem que trabalhar ou preocuparem muito, estando muitos deles, a ocupar hoje, lugares de relevo sem gabarito consistente para esses fins, somente por puro oportunismo!
Será por estas razões que Salazar venceu o famigerado concurso; levando os cidadãos - que já estão fartos de toda esta palhaçada politiqueira (não vislumbrando resultados económicos e de grande progresso) e, até olhando com grande descrédito para alguns destes políticos e charlatães da democracia - a votarem no dito!

Áurea

Pedro disse...

Áurea

Em breve num futuro post respondo ao seu comentário (ou procuro responder...).