domingo, 28 de janeiro de 2007

Qual oposição?

Em Montemor-o-Velho
Marques Mendes acusa Governo de Sócrates de só fazer promessas
Num almoço com militantes e simpatizantes, onde presidiu à posse da nova Comissão Política Concelhia, o líder do Partido Social Democrata (PSD) acusou o governo do PS de piorar o estado da Economia e agravar as desigualdades sociais em Portugal, nomeadamente na saúde, avançou a agência Lusa.
«Ao fim de dois anos de governação, o que nós vemos são anúncios e promessas, o que falta são os resultados. Os impostos não param de aumentar, o desemprego agrava-se, não há oportunidade para jovens, a saúde está mais cara, mais difícil e mais distante e a classe média asfixiada", frisou.


Não tenho interesse nenhum em tomar as dores do governo. Antes pelo contrário, pois não sou socialista. Já julguei há uns anos estar próximo de o ser, tem piada, mas não há nada como provar de um veneno para que este sirva de antídoto ou vacina contra o mesmo. No entanto, não deixo de ficar saturado e desgostado com a política e o paleio vindos do principal partido da oposição. Marques Mendes não tem causas nem críticas concretas a apontar ao governo. E podia tê-las se fosse mais objectivo e inteligente. Marques Mendes é apenas do PSD e apenas sabe fazer política anti-PS. Ele não é social-democrata nem democrata-cristão nem liberal nem coisíssima nenhuma. Na cabecinha pequena de Marques Mendes paira apenas o pensamento: "Sou do PSD. E líder. Logo há que cascar no governo PS seja de que maneira for." Mesmo, usando argumentos típicos da esquerda, como "o agravar das desigualdades, principalmente na saúde".


Para além de ter memória muito curta, Marques Mendes utiliza mal a informação que tem e vem com o estafado argumento do desemprego, que para além de não se ter agravado, a informação disponível acerca deste muitas vezes leva a conclusões erróneas, dados os inúmeros casos fraudulentos que lentamente vêm sendo descobertos.


Marques Mendes não tem causas concretas que um líder de um partido com uma tradição liberal deveria ter: não ataca a crescente e vergonhosa carga fiscal que o Governo vem impondo, a perseguição fiscal injusta aos profissionais liberais, os projectos megalómanos como a OTA e o TGV que não saem do papel mas sim do nosso bolso; e continuamos com linhas férreas de tempos de antanho, com a insuficiência das reformas na administração pública e na saúde; com o crescimento e a manutenção de institutos públicos que não servem para nada. Enfim, tanta coisa mais que este presente texto omite...


Mas num país que a agenda política é como que delineada pelo Bloco de Esquerda, que inclusive leva a reboque os outros mais toda a imprensa, nada é de surpreender muito. E quando o único partido que faz uma oposição construtiva e tem uma intervenção parlamentar jovial e inteligente, como é o caso do CDS-PP, atravessa quezílias internas incompreensíveis ainda pior. Já agora, mando o meu bitaite: António Pires de Lima é o líder de que o centro e a direita precisam. Mas ou ele anda distraído, ou todo o partido anda distraído nas guerrinhas actuais, ou será tudo apenas uma questão de tempo. É natural que a minha opinião pareça ridícula, mas o tempo às vezes cisma em, a médio prazo, dar-me razão...

5 comentários:

Ana M. disse...

Eu já descri, completamente, em toda esta gente.
Cada cavadela, cada minhoca.

Pedro disse...

Eu compreendo o teu cepticismo, Sininho. Acho é que temos uma necessidade congénita de nos iludirmos, tanto em relação a isto como a outras coisas.

Ana M. disse...

Se calhar...

Áurea disse...

Pois Pedro, não há oposição, porque não existem verdadeiros líderes políticos, com carisma e empenhamento que o façam. Sente-se um grande vazio e uma enorme pobreza de ideias e ideais, a nível do pensamento e da realização concreta de âmbito político/partidário... e depois, também existem outras fragilidades (corrupção, tráfico de influências... e outros desaires) que levam os cidadãos ao completo desinteresse e descrédito de tais políticos que não fazem política, verdadeiramente para benefício público, assim como, de causas de real interesse para o bem comum e para o País; apenas, estão agarrados a
"Tachos": muitos deles dourados...

Áurea

Pedro disse...

Áurea, tudo isso é verdade. É algo que infelizmente coexiste em todas as democracias, sem excepção, e apenas por utopia se pode acreditar em expurgar por completo tais males. Contudo mesmo com todos estes problemas eu e quase todos nós vamos preferindo viver em democracia, e acabamos por nos acomodar de uma maneira ou de outra ao "sistema"